top of page
Buscar
  • Foto do escritorApoena Torres Forte de Lima

ASPECTOS IDIOSSINCRÁTICOS DO EXISTENCIALISMO, UM ENSAIO PISICOSSOCIAL

Atualizado: 22 de mar.

O gênero literário existencial, qual vê-se das cercanias preenchidas de um séquito afetuoso de assíduos leitores, porventura tenha tamanho tomo advindo da extremosa capacidade de verbalizar as representações da vida. Narrando, de tal forma, os infortúnios e tormentos que permeiam o subconsciente das massas, fazendo assim, uma rigorosa leitura do seu leitor, e do que se passa em seus recônditos. Tais e quais, desta forma, para além dos aspectos aqui não explorados, fazem do gênero um recurso fundamental para perquirir sobre as sociabilidades, haja vista a ligação umbilical entre a essência do gênero e as relações produtivas e, de parto desta última, sociais.


Em sua essência, por conseguinte, a literatura supracitada trata de exteriorizar os conflitos internos, das interações interpessoais, intrapessoais etc., tal qual um conflito quixotesco, de si para com um moinho de vento quimérico. E não que seja puramente fantasioso ou irreal, mas são reflexos de padrões inacessíveis, de anseios coletivos alienantes inculcados nas massas. Acerbos, não provêm e desembocam do e para o nada, refletem, em verdade, como efeitos colaterais das relações sociais, para bem ou mal.


Os estoicos advogaram que tais e quais tormentas existenciais não são senão erros de julgamento dos acontecimentos, o que, portanto, tratar-se-ia com o empenho no autodesenvolvimento, de modo que, vivendo nas mesmas representações que outrora disfóricas, aprazíveis seriam agora. De tal forma, tratam o problema de maneira vulgar e sistematicamente superficial, não adentrando nos anais profundos do problema, de maneira alguma, portanto, radicais (não indo a raiz, termo derivante do latim radicalis).

Não obstante, obliteremos a conduta em prol de uma análise efetiva (embora aqui incompleta) e radical, que remete à formação econômico-social, jurídica e cultural hodierna. Traz consigo os elementos ideológicos do capitalismo, que está intimamente relacionado aos transtornos psicossociais, ao realocar a responsabilidade que é de uma sociedade ao indivíduo, trazendo à tona o princípio meritocrático. E este princípio, antes de agir direta e acerbamente no imaginário popular, é precedida de uma estrutura produtiva exploratória, centrada no binômio trabalho social necessário (extração da mais-valia) e propriedade privada dos meios de produção, erigida sob sangue e lama da acumulação primitiva do capital, e em suas condições materiais propiciou o grande acúmulo de riqueza a classe burguesa e o grande acúmulo de rejeitos à classe proletária. E sendo a primeira uma classe dominante, domina também os aparelhos ideológicos, e para que a subversão não brilhe aos olhos dos esfarrapados famélicos, tratou de lhes inculcar que, superando todos os entraves socialmente constituídos, podem alçar à posição de seus verdugos, e como dizia Quincas Borba que a melhor maneira de se apreciar o chicote é lhe empunhando. Estes têm as visões enturvadas, de maneira a não enxergar o subjacente. São guiados pela esperança do fausto e do cortejo.

E a famigerada meritocracia, lhes segreda ao ouvido que os paupérrimos o são por ausência de impetuosos esforços. O que os leva, havendo os aparelhos ideológicos impedido uma educação emancipadora, a sonharem serem os opressores, como ensina Paulo freire. E como, todavia, é grande a panaceia e esporádicos casos de ascensão socioeconômica nutram constantemente a ideia, a sensação de fracasso é arrebatadora, a impotência de não triunfar na vida tal como impõe como triunfo; e já tal concepção de triunfo é uma perversão da humanidade, pois submete o ser a preponderância do ter, mostrando que o caminho humano é circunscrito à construção material, de um patrimônio; e não a internalização das instâncias que nos caracterizam humanos.

10 visualizações0 comentário

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page