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  • Foto do escritorJornal Pasquim Guaiás

Pesquisador da FIOCRUZ Alexandre Pessoas Dias concede entrevista: "Economia Política do Desastre"

Durante o XXIX Congresso de Economia Política, em Marabá, 12 de junho, o renomado pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), o professor e pensador ecossocialista Alexandre Pessoa Dias, que compôs a mesa de abertura do evento, concedeu entrevista ao Jornal Universitário Pasquim Guaiás, e expôs, em consonância a sua palestra, sua perspectiva crítica atinente à relação Homem/Natureza dentro da sociabilidade capitalista.


"Agroecologia não é uma alternativa enquanto sistema alimentar para produção de alimentos saudáveis, a agroecologia é a única possibilidade". Complementa, em seguida, ao refletir sobre a irresolução do Governo Federal entre explorar petróleo na margem equatorial, o que evidenciou as contradições internas do governo Lula, quando a ministra do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) se opõe às investidas do ministro Alexandre Silveira: "Quando o ministro da energia [ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira] propõe que o país saia de oitavo maior produtor [de petróleo] para ser o quarto maior produtor, ele sinaliza a todo mundo que ele continua com uma economia cinza, uma economia destrutiva”.


Segundo o professor Alexandre Pessoa, o capitalismo contemporâneo em crise, dentre outras, ambiental, propõe o Greenwashing, que significa dissimular-se para apresentar-se como face sustentável possível, ou seja, o que a crítica trata como Capitalismo Verde. Contudo, relembra o professor, que a “natureza do capital é a exploração ilimitada do trabalho e da natureza”, e, pela sua contradição, perante a “necessidade de acumulação de capital”, ele não só não freia as crises e seus impactos, como as “agudiza”.


Quando inquirido sobre a condição do Brasil nesse cenário, asseverou, ainda, nossa condição de um “capitalismo tardio e dependente”, e que nesse padrão de relações internacionais e comercias, as contradições e condições de injustiça que caracterizam a Divisão Internacional do trabalho (DIT) se intensificarão diante da crise ecológica, a contar que os países capitalista centrais irão exigir cada vez mais nossos recursos naturais e, concomitantemente, preservarão os seus, independente se o fazem por limitações próprias desses países ou justificativas ecológicas, e complementa mencionando a “radicalização dos conflitos por consequência das migrações forçadas dentro dos países ou os processos de migrações internacionais, ampliação dos conflitos e processos de guerra”.


Quando questionado sobre o padrão de produção de alimentos, o especialista da FIOCRUZ é peremptório “o sistema alimentar do capitalismo, os impérios alimentares, comprometem desde a produção à circulação, distribuição e consumo; toda essa cadeia de mais-valor se da de uma forma cada vez mais expansionista da exploração humana e da natureza. Ou se caminha para a agroecologia ou para o avanço da insegurança alimentar”, complementa, por conseguinte, dizendo que a questão não é capacidade produtiva, que o há no modelo proposto, a questão é também restauração florestal, o que, segundo o especialista Alexandre Pessoa, o Brasil tem aptidão, devido a suas características edafoclimáticas.


A respeito da matriz energética fóssil, foi expressado sua contrariedade para com as reuniões, as COP’s e grandes organizações internacionais bilaterais e multilaterais, uma vez que enxerga suas contradições, ao não terem poder enquanto governança mundial para que exija cumprimento de determinações perante as evidências cientificas. Adenda que embora presenciemos o avanço de economias de energia renovável, a expansão absoluta de gases do efeito estufa se dá pela produção baseada na exploração fóssil.

O especialista Alexandre Pessoa aduz-nos a uma questão problemática, quando explicita os acordos da financeirização, que perfura poços para extração de gerações futuras, ou seja, passando a estas gerações a "inevitabilidade de propor outras alternativas tecnológicas", e só aconteceram quando "o capital fóssil for colocado em xeque-mate", caso contrário os investimentos continuarão nessa expressão, pois é um dos capitais mais fortes do mundo e não cometerão "suicídio político”. Por fim, o professor nos diz que só a mobilização e organização popular poderá reverter essa situação. “Nenhum poço a mais e nenhum agrotóxico a mais como algo viável para um futuro viável!”




Matéria escrita pelo editor do jornal Apoena Torres Lima.

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