Durante Homenagem aos 25 anos da UEG, realizada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, tendo por propositor e anfitrião o deputado estadual Antônio Gomide, o professor e presidente da ADUEG-Seção Sindical do ANDES-SN Marcelo Moreira propalou revigorante e reflexivo discurso, perpassando pelas misérias impostas pela nossa sociabilidade, partilhando de uma visão de mundo mais humana e, sem dúvidas, marcando claro contraste com o tom complacente da pomposa solenidade. Citando grandes pensadores e coadunando com os problemas e empasses vividos pelas Universidade Estadual de Goiás, Marcelo Moreira declarou seu discurso:
"'Desejar significa desejar ser reconhecido'. (G. W. Hegel, Fenomenologia do Espírito, em F. N. Costa, Economia em 10 lições)
Tomo emprestado a frase para expressar a necessidade do reconhecimento de nossa função. Resguardadas as devidas proporções e o devido contexto, a frase acima aponta para aquilo que a concepção hegeliana do trabalho propõe-se a discutir: o papel da praxis produtiva na formação e libertação do homem.
Esta homenagem, neste dia 25 de abril, representa, na acepção do que reivindicamos reconhecimento, o momento para a reflexão sobre o nosso papel no processo de formação e libertação do Homem...e de nós mesmos.
'Filósofo produz ideias, poeta poesias, pastor prédicas, professor compêndios e assim por diante.' (K. Marx, Concepção apologética da produtividade de toda profissão, em Teorias da Mais Valia – História crítica do pensamento econômico – vol. I, Livro 4 de O Capital)
O desiderato capitalista moderno impôs a lógica produtivista em todas as profissões, em especial, nos dois últimos decênios, para a nossa. O professor vive atolado em confecção de artigos, relatórios, avaliações etc. Prazos, prazos, prazos. Prazos a vencer, prazos vencidos.
Em especial, na nossa instituição, ainda temos que lutar por condições/relações mínimas de trabalho e passar (boa) parte do tempo em discussões sobre intervenções, estatutos, regimentos, planos de cargos e salários etc. Enquanto isso, os compêndios ficam para depois... Esta homenagem, neste dia 25 de abril, representa, no século da produtividade das profissões, o momento para a reflexão sobre nossa condição de trabalhadora/or docente, nossa recente luta por um plano de carreira digno, por uma carreira digna.
'De tantas indignidades, que as próprias feras não as sofreriam, podeis livrar-vos, se tentardes, mas para livrar-vos, é preciso querer fazê-lo.' (Étienne De La Boétie, Discurso sobre a Servidão Voluntária). 'Cavalheiros, a vida é muito curta...Se nós vivemos, vivemos para andar sobre a cabeça dos reis.' (W. Shakespare, Henrique IV, em J-F. Brient, Da servidão moderna)
O professor ao mostrar os caminhos para os seus aprendizes, aponta para possibilidades. A resistência é ação inerente à profissão docente. E resistência seguida de transformação, com intencionalidade.
Esta homenagem, neste dia 25 de abril, representa, no momento histórico atual de lutas e resistências, o momento para a reflexão sobre o sentido de nossa profissão. A que viemos e o que realizamos para que essa intenção se materialize em novas sociabilidades que apontem para uma sociedade humanamente viável (no sentido do ser, e não da coisa a que o ser foi submetido a ser por este processo “sociometabólico autodestrutivo”), socialmente habitável e ecologicamente responsável-mais-que-possível, superando a reprodução social capitalista que nos assola.
Às/Aos colegas professoras/res, servidoras/res administrativos e estudantes da UEG, encerro com a mensagem que iniciei o dia de luta de hoje: 'Todos dependem de todos. Basta que um botão erre de casa para o desencontro seja total...Nos pertencemos uns aos outros.' (Dom Helder Câmara)
Assim deveria ser a e na UEG e é por esse pertencimento que lutamos, para que assim seja a UEG! 25 anos de luta, reconhecidos neste 25 de abril!
Por fim, Salve a revolução dos cravos, vermelhos cravos vermelhos! Desejo um excelente momento de reflexões!
Marcelo Jose Moreira - Presidente da ADUEG-Seção Sindical do ANDES-SN."
Matéria feita por Apoena Torres Forte de Lima, discente de economia CSEH-UEG e editor do Jornal Pasquim Guaiás.
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