A apresentação teatral do grupo Inconfidentes, cujos atores e atrizes são alunos de graduação e pós graduação, e cuja peça é escrita pelo professor Ewerton F. Ignacio e Danilo Leão – este último também diretor da peça –, foi um marco histórico da Universidade Estadual de Goiás, pois que, além de triunfo da arte e suas benesses, foi um ato simbólico da mudança dos tempos. Se um dia o espírito estudantil achou-se mortificado, com as asas da sensação comum podadas, em cinzas, agora renasce à la Fênix; tudo isso após beber de muita música latino-americana, ouvir o entoar angelical de expoentes da música brasileira, como Elis Regina, e deslumbrar-se com as performances delicadas e, paradoxalmente, brutais e de alto estimulo à consciência política – com destaque para as performances de Aiane Ferreira e Laupa –, com críticas efervescentes às marcas indeléveis da conturbada história brasileira.
No dia 20 de novembro de 2023, no campus Nelson de Abreu Jr. – CSEH-UEG –, às 21h, com o descortinar do palco, deu início ao espetáculo que emocionou a plateia sôfrega, e por mais de hora deixou-os aficionados. Evidência inconteste de todo encanto foi a justa ovação, ao final, quando aplaudidos em pé minutos a fio.
A mitologia envolta da Fênix, de origem egípcia, representa, em suma, a imortalidade, denota o perene, porém, sem olvidar os rasgos, os tropeços, a infâmia, tampouco os remendos, o levantar-se e a glória: são os ciclos da vida. E por condicionamentos variados e interesses escusos, a Universidade Estadual de Goiás esteve por muito tempo prosternada e avassalada. Nada obstante, há sinais de uma mudança copernicana: são Centros Acadêmicos sendo criados, o ambiente estudantil ganhando novamente seu contorno e dinâmica interna e o sindicalismo dos professores da UEG (ADUEG, presidida pelo Dr. Marcelo Moreira) se movimenta e decretam os seus direitos inegociáveis, exigindo respostas do governo, e somando-se a essa luta, reivindicando também direitos próprios e comuns, vêm os alunos e técnicos administrativos, que por fim requerem a autonomia e os recursos de fomento à ciência de outrora. Um novo tempo, um renascer inaugurado pelo magistral espetáculo dos Inconfidentes: fonte de fé do espírito jovem que luta por ideais e sonhos, alimentado-o do mundo fantasioso de verdades, sem o qual fenecesse, tal qual o corpo inani da mais faminta fome.
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